sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A dor que mais Dói

             Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
             Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Saudade de Você. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
              Saudade é não saber. Não saber mais que você esse gripando no inverno. Não saber mais que você continua clareando os cabelos. Não saber que você foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber que você tem comido frango de padaria, que você tem assistido as aulas de inglês, que você aprendeu a entrar na Internet, que você aprendeu a estacionar entre dois carros, que você continua fumando Carlton, que você continua preferindo Pepsi, que você continua sorrindo, que você continua dançando, que você continua amando.
              Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear os sentimentos diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
             Tudo isso é saudade....

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